Quando conversa sobre drogas com adolescentes, a psicanalista paulistana Lídia Aratangy costuma falar de tudo, menos das substâncias químicas. Ela não se detém na descrição dos males do álcool, damaconha ou da cocaína. Prefere, antes, discutir um tema que considera caro a qualquer ser humano: a liberdade de escolha. “É um paradoxo difícil de resolver. As drogas surgem na vida de um indivíduo como concretização do desejo de liberdade, mas desembocam em escravidão”, afirma. Essa “escravidão” pode acontecer depois de dez anos de consumo indiscriminado de álcool ou um mês de uso de crack. No fundo, diz a terapeuta, a dependência de qualquer substância prejudicial – mas aparentemente prazerosa – revela uma inabilidade em lidar com a frustração e a renúncia.