quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Adolescência e Cigarro - Um mal cada vez mais comum

Quase oito em cada dez fumantes iniciam a prática com menos de 20 anos

Agência Brasil
Embora a venda de cigarro para menores de 18 anos seja proibida no país, o produto pode ser facilmente comprado por essa parcela da população. A conclusão está em um estudo divulgado nesta segunda-feira (29) pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), para marcar o Dia Nacional de Combate ao Fumo.
O levantamento é baseado em pesquisas do Sistema Internacional de Vigilância do Tabagismo da Organização Mundial da Saúde (OMS), feitas no Brasil entre 2002 e 2009, e revela que a maior parte dos adolescentes nunca foi impedida de comprar cigarro por causa da idade. Em Maceió, essa situação foi relatada por 96,7% dos jovens com idades entre 13 e 15 anos que afirmaram já terem fumado. Em Fortaleza, o percentual alcançou 89,9% e em Salvador, 88,9%.
O estudo aponta que a maior parte da venda do produto é feita por unidade, apesar de a prática também ser proibida por lei, em estabelecimentos legalizados, como bancas de jornal, bares e padarias.
De acordo com a gerente da Divisão de Epidemiologia do Inca, Liz de Almeida, outro dado preocupante que o documento revela é que, ao contrário do que ocorre entre os adultos, o tabagismo vem aumentando entre os adolescentes. Quase oito em cada dez fumantes iniciam a prática com menos de 20 anos.
Ela destacou que esse cenário resulta de uma série de ações da indústria do tabaco para reduzir os impactos das medidas de controle ao tabagismo no país e conquistar consumidores cada vez mais jovens.
“Para isso, desenvolvem embalagens cada vez mais bonitas e atraentes ao olhar dos jovens. Além disso, os cigarros ganham aditivos que lhes dão sabor de cereja, canela ou chocolate, para disfarçar o gosto desagradável que têm. Tudo para conquistar o mercado do futuro, afinal quanto mais precocemente uma pessoa começar a fumar, mais cedo ela fica dependente e mais tempo vai consumir o produto”, disse.
Liz de Almeida ressaltou que a baixa escolaridade tem forte influência nesse processo. Entre as pessoas sem instrução ou com menos de um ano de escolaridade, quatro em cada dez começaram a fumar antes dos 15 anos. Essa proporção cai para menos de dois em cada dez entre as pessoas que estudaram de oito a dez anos. Já no caso daqueles com 11 anos ou mais de escolaridade, o percentual é 12,9%.
De acordo com o estudo, em algumas capitais as meninas estão experimentando o cigarro com maior frequência do que os meninos. Em Porto Alegre, por exemplo, onde foi registrada a maior variação entre os dois grupos, 52,6% das adolescentes já haviam fumado pelo menos uma vez, contra 38% dos meninos.
O diretor-geral do Inca, Luiz Antonio Santini, defendeu o fortalecimento das ações de prevenção focadas principalmente nas populações consideradas vulneráveis, como os jovens, as pessoas de baixa renda, e os moradores das regiões Nordeste e Centro-Oeste, que, segundo ele, concentram as maiores proporções de fumantes.
Santini lembrou que o Brasil avança no combate ao tabagismo, tendo reduzido pela metade, em 20 anos, a prevalência de fumantes, de 34% para menos de 17% da população. “Mesmo assim, esses dados indicam que ainda há 25 milhões de fumantes no país, o que é uma tragédia sanitária em função dos prejuízos à saúde dessas pessoas e dos impactos relacionados a custos e tecnologias e, principalmente, das perdas de vidas por causa dotabaco”, acrescentou.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

CRACK - Solução é Acolher e Reconstruir Vidas


No início dos anos 1980, quando os primeiros casos de HIV foram registrados no País, a comunidade médica e as estruturas de saúde desconheciam a forma mais eficaz de tratar os pacientes, cujo número crescia em progressão geométrica. O dedo foi posto na ferida. Assim, apesar de todos os avanços ainda necessários, demos passos para começar a enfrentar essa epidemia mundial.
Hoje é mais do que evidente que o abuso e a dependência de drogas no Brasil - em especial do álcool e do crack - se transformaram numa nova chaga social. As vítimas acumulam-se, com graves repercussões na ocupação do espaço urbano, na exclusão econômica e social, na rede de saúde e na vida das famílias. Dados de pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo evidenciaram a complexidade que é tratar esses pacientes. Durante 12 anos acompanharam 107 dependentes do crack. Após esse período, 32,8% estavam abstinentes, 20,6% haviam morrido (a maioria, pela violência), 10% encontravam-se presos, 16,8% continuavam usando crack e cerca de 20% estavam desaparecidos, num destino incerto para quem esbarra em algum momento da vida com essa realidade.
A dependência, inclusive do crack, reúne situações sociais muito diversas: desde recursos para suportar a exclusão até estratégias para se sentir incluído. Nas estatísticas estão crianças na rua que se iniciaram nas drogas para suportar a fome e o frio, os trabalhadores rurais que acreditam que a pedra lhes pode fazer suportar toneladas a mais de cana-de-açúcar, profissionais liberais pressionados pelo desempenho no trabalho e jovens que querem alcançar, cada vez mais rapidamente, a inserção na turma. Para todos é crucial construir novos projetos e redescobrir sentido para a vida.
As raízes do problema são externas ao campo da saúde pública, mas sabemos que a rede de ambulatórios, de hospitais e de profissionais pode interferir no curso da dependência. Estamos convencidos de que uma abordagem bem-sucedida está relacionada a uma reestruturação do Sistema Único de Saúde (SUS) que possibilite aos Estados, aos municípios, à sociedade civil atuar em conjunto com o Ministério da Saúde, de forma articulada, no enfrentamento do crack e de outras drogas. O SUS, pela sua capilaridade e pelo seu compromisso com a defesa da vida, deve estar mais presente junto aos indivíduos, grupos e no ambiente social onde se inicia ou se perpetua a dependência de drogas.
Para uma ação eficaz é preciso distinguir o que precisa ser distinto: por um lado, reprimir e criminalizar, de forma vigorosa, o tráfico de drogas e o contrabando; por outro, acolher de forma humanizada e possibilitar o acesso dos usuários às diversas terapias, salvando vidas e evitando mortes precoces. Uma resposta da área de saúde poderá prevenir sofrimento pessoal, conflitos familiares, violência e acidentes urbanos.
Somente com a estruturação de uma rede de serviços que ofereça abordagens diferentes para diferentes indivíduos é que será possível aumentar as chances dos dependentes de reconquistarem sua vida e de a sociedade ganhar de volta seus cidadãos. Para ter sucesso o tratamento deve considerar e se adequar a necessidades distintas. Qualquer proposta que se paute em apenas uma forma de ação ou um tipo de serviço está fadada ao fracasso. Ou seja, não pode ser só ambulatorial, nem somente clínicas de internação ou apenas espaços de internação prolongada.
Por isso o Ministério da Saúde propôs uma parceria à sociedade com Estados e municípios para uma nova rede de serviços. Num mesmo território serão ofertados unidades básicas/Programas de Saúde da Família, consultórios volantes para abordagem e cuidado das pessoas em situação de rua, enfermarias especializadas em pacientes dependentes de álcool e drogas, unidades de acolhimento para pessoas que necessitem de internação prolongada, parcerias com entidades do terceiro setor e com comunidades terapêuticas. Além disso, vai capacitar os serviços de urgência e emergência como portas de entrada possíveis. E também ampliar para 24 horas o funcionamento dos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas.
O tema é polêmico, mas não nos devemos paralisar diante de dúvidas. Toda iniciativa que se paute pelo respeito aos direitos individuais e pela proteção à vida deve ser defendida, até mesmo com o recurso à internação involuntária, na forma da lei. Mas nem ela - muito menos o uso da força - pode ser o centro da estruturação dos serviços de saúde e da estratégia de saúde. Nesse sentido, saudamos o recente protocolo organizado pelo Conselho Federal de Medicina, que apresenta uma abordagem contemporânea e equilibrada do tema.
A qualificação profissional e o uso de tratamentos bem estruturados são fundamentais, mas uma abordagem multissetorial será decisiva para o sucesso desta empreitada. Nós, profissionais de saúde, precisamos estar cada vez mais preparados para proporcionar os cuidados necessários, porém sabemos que é imprescindível o envolvimento da sociedade e de outras políticas públicas - como educação, qualificação profissional, moradia, esportes e convívio comunitário - para produzir resultados duradouros.
Essa não é uma tarefa nova. Ao longo dos seus 22 anos, o SUS enfrentou vários desafios que também exigiram abordagem multissetorial. E mostrou-se capaz de enfrentá-los quando uniu a capacidade de quem sofre e agregou quem estava disposto a se mobilizar.
Este é o desafio: criar uma grande frente de saúde pública, comprometida com o tratamento, a recuperação e a reinserção dos milhares de crianças, jovens e adultos machucados pelo crack e outras drogas. Estamos prontos para pôr o dedo nessa ferida e começar a cicatrizá-la. Dessa forma estaremos cumprindo nossa missão.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Sócrates Admite Dependência de Álcool


Em entrevista exclusiva ao Fantástico, ex-jogador diz que sai mais forte após escapar da morte.
Depois de passar por uma internação de emergência, Sócrates, o ex-jogador do Corinthians e da seleção brasileira, voltou sábado (27) para casa e contou para a equipe do Fantástico como a bebida quase o levou à morte. Aos 57 anos, ele reconhece que era dependente de álcool.

“É nessas horas, que a gente cresce. Saio muito mais forte, muito maior e com muito mais compromissos e responsabilidades que eu tinha antes”, resume Sócrates.

Sócrates conversou com o Fantástico no sábado (27), sete horas depois de sair do hospital. Foram nove dias internado. O ídolo corintiano, do calcanhar inconfundível e formado em medicina falou ao abertamente sobre a doença que quase o levou à morte e os problemas com bebida alcoólica.

“Eu tenho um ponto cirrótico. É uma lesão que não é tão grave, mas ela em localizada em área hipersensível do fígado. Essa lesão é causada, fundamentalmente, por álcool”.

As primeiras horas no hospital foram as mais delicadas. Sócrates entrou pela porta caminhando. Ele tinha uma hemorragia digestiva. O sucesso do trabalho dos médicos evitou a morte do ex-jogador.

“O fígado estava todo inflamado, então ele não deixa passar nada. É como se fosse uma bomba de sangue represado. Ele vai ter que explodir em algum lugar. No meu caso, foi o estômago”, conta Sócrates.

“Eles iriam tentar fazer o máximo para tentar segurar a vida dele. Mas que poderia ser difícil”, lembra Kátia Bagnarelli, mulher de Sócrates.

Um cateter, um pequeno tubo, foi usado para fazer o sangue circular. Sócrates ficou nas mãos de um médico que torce para um rival do Corinthians. “Ele é são-paulino, então ele disse que um são-paulino teve que salvar a vida de um corintiano”, conta a mulher.

Esse não foi o primeiro problema grave provocado pela cirrose, revela o ex-meio-campista das copas de 82 e 86.

“Há três meses, eu tive um sangramento. Mas mesmo assim, a coisa aconteceu, explodiu. Provavelmente não vai precisar de transplante, hoje de jeito nenhum”, ele diz.

Na década de 1980, foi um dos líderes da democracia corintiana. A concentração deixou de ser obrigatória e outras questões como horário dos treinos, também eram decididas no voto.

O ex-craque nunca escondeu que gostava de bebida alcoólica. Mas agora reconhece que era dependente.

“Fui alcoólatra sim. Quando eu queria. Quem usa álcool cotidianamente é alcoólatra. Eu fui dependente de álcool. Não tomava todo dia. Eu estava há três meses sem beber”, ele garante.

Além de não beber, Sócrates vai ter que seguir uma dieta rigorosa e fazer exames clínicos com frequência.

“Abstinência vai ser total daqui para frente, para que meu fígado reúna condições de se equilibrar totalmente e que não dê mais problemas”, avalia ex-jogador.

“Agora é só aguinha tônica, água sem gás. Nós dois sentadinhos, batendo papo, tomando água”, brinca o ex-jogador Casagrande. 

Turma da Mônica na Luta Contra as Drogas


Personagens de Mauricio de Sousa tratarão do problema em 3,8 milhões de gibis que o governo federal quer distribuir em 2012
Bruno Paes Manso, de O Estado de S. Paulo
Os amigos Tina, Rolo e Pipa, da Turma da Tina, conhecidos de crianças e jovens brasileiros pelos quadrinhos da Mauricio de Sousa Produções, precisam apresentar um trabalho na escola. No dia da tarefa, Diego, o responsável pela apresentação, falta. A professora comenta que o garoto andava estranho. Tina e Rolo, preocupados, saem de moto para encontrá-lo depois da aula. Encontram Diego doidão, sentado sozinho em um banco de praça. Ele havia trocado a blusa com a qual todos o reconheciam por pedras de crack. É o começo da primeira história da Turma da Tina a abordar diretamente o problema das drogas entre jovens.
Nos próximos seis meses, parte dos 20 roteiristas da Mauricio de Sousa Produções vai manter contato com quatro técnicos do governo federal para criar histórias usando o carisma da Turma da Mônica e discutir o tema das drogas. O projeto é da antiga Secretaria Nacional Antidrogas, que na gestão Dilma Rousseff foi rebatizada como Secretaria Nacional de Política sobre Drogas.
Serão feitas quatro revistas - duas da Turma da Tina e duas da Turma da Mônica Jovem. O Estado teve acesso aos esboços dos roteiros. O material será entregue ao governo em dezembro para ser lançado no ano que vem, com tiragem de 3,8 milhões de exemplares. As da Turma da Tina, voltadas a adolescentes, vão tratar principalmente de drogas ilícitas, como maconha, cocaína e crack. E também abordarão as legais, como ansiolíticos (calmantes), anfetaminas (inibidores de apetites) e solventes.
Já a Turma da Mônica Jovem, para crianças acima de 8 anos, com Mônica, Cebolinha, Magali, Cascão e companhia já adolescentes, vai tentar dar um tratamento mais suave ao assunto, discutindo álcool e cigarros. A diretriz foi dada pelo próprio Mauricio de Sousa. “A ideia é discutir a questão como se estivéssemos na mesa de jantar com nossos filhos”, explica.
Mauricio avalia que crianças e jovens de hoje têm acesso a uma infinidade de informações vindas de fontes variadas, como internet e televisão. “O objetivo é ajudar que eles fiquem não apenas informados, mas bem informados. Para isso, é preciso ajudá-los a refletir sobre as informações que acessam, papel que cabe a pais, professores, ONGs e governo. Vamos ajudar a cumprir esse papel por meio das histórias em quadrinho.”
Ditadura. A ideia de usar a Turma da Mônica para discutir assuntos polêmicos, como drogas, é um projeto antigo, que o cartunista já havia tentado tirar do papel no fim dos anos 1970. Mas acabou repreendido pelo governo militar, que censurou a ideia. Na visão dos governantes da época, tratar do tema em revistas infantis poderia despertar a curiosidade dos jovens. “O tema não deve ser ignorado. Vamos tratar do assunto com responsabilidade”, diz Maurício. “É uma guerra desigual contra o vício. Estamos com estilingues e eles, de bazuca.”
O processo de criação e execução ocorre ao longo de todo o semestre, principalmente por causa das idas e vindas dos roteiros, que precisam ser ao mesmo tempo envolventes, com histórias interessantes, sem deixar de levar em consideração algumas mensagens que a secretaria acha importante passar. “Colocamos na história o pessoal em um barzinho. Quando vai para os técnicos do governo, eles apontam a necessidade de colocar o aviso de que é proibido vender bebida alcoólica para menores de 18 anos. Também pediram para colocarmos água e alimentos junto à bebida, detalhes para os quais a gente não está atento”, explica Rodrigo de Medeiros Paiva, gerente editorial da Maurício de Sousa Produções.
Apoio. Na história a que o Estado teve acesso, depois que Tina e Rolo descobrem os problemas de Diego com o crack, eles procuram os pais do garoto. “A questão do uso de drogas afeta a todos e deve ser tratada em conjunto”, concluem. É quando passam a ser listadas algumas das receitas dos técnicos do governo para enfrentar o problema: “apoio dos amigos para que ele não abandone os estudos”, “manter o dependente sempre ocupado física e mentalmente” e “se preciso, procurar a rede pública de saúde, grupos de jovens, grupos religiosos e apoio da comunidade”.
Na parte final, Diego agradece o apoio dos amigos e diz que decidiu tratar-se em uma clínica de reabilitação. Ele explica que a decisão foi dele e voltará para a escola quando “ficar legal”. Tina apresenta o trabalho para a professora, a partir da experiência que ela e o grupo viveram no apoio que deram a Diego. No fim, colegas de classe vão à clínica contar ao garoto que tiraram a nota máxima e passam a tarde com ele.
A orientação do governo era para que a história reforçasse o apoio da família. Mas o fim já teve de ser revisto. “Optamos por mudar, porque ninguém é feliz ao ser internado. A internação é apenas uma etapa na vida do dependente. Vamos fazer o final com ele voltando bem para a escola e para o cotidiano com família e amigos”, diz Paiva.
Largo do Arouche. Há três meses, quando Mauricio deixava um evento na Academia Paulista de Letras com Rodrigo Paiva, em um começo de noite, ele foi abordado por um adolescente no Largo do Arouche, no centro. Paiva conta que eles ficaram assustados com a insistência do jovem em receber algo. Pensaram que seriam assaltados e perguntaram se poderiam dar a ele gibis da Turma da Mônica. O jovem saiu contente com a oferta.
Paiva narrou o episódio para defender a abrangência social das historinhas que criam. Recentemente, estiveram em uma feira literária em Morro Reuters, no Rio Grande do Sul. “Vieram muitas crianças, descendentes de alemães, algumas não falavam ainda português direito e eram fãs da Turma da Mônica.” Independentemente da classe para a qual se dirige, a ideia é reforçar a importância do apoio de amigos e da família e evitar o isolamento do dependente.
Apesar de interessado pelo assunto, Mauricio evita cravar opiniões certeiras. Ele já passou de carro pela cracolândia, na região central de São Paulo, para ver o drama mais de perto. Achou o ambiente parecido com cenários em preto e branco de filmes noir. Sobre soluções, Mauricio diz que ainda busca estudar para saber mais sobre o assunto. Afirma, por exemplo, que não tem posição formada sobre o modelo usado no Rio de internação compulsória, que retira crianças e jovens das ruas mesmo contra a vontade deles, mas vê a solução com ceticismo. “Quando o dependente quer mudar e sua dignidade é respeitada, o tratamento é mais eficiente. Tenho medo de que levar alguém pelo braço, contra a vontade, possa servir apenas para criar mais monstros.”
O cartunista diz ter ficado mais incomodado com a nova legislação sobre medidas cautelares, que permite pagamento de fiança por quem comete crimes com pena de 1 a 4 anos de prisão, como furto. “A pessoa que está furtando pode ser a mesma que contribui para fortalecer o tráfico. A gente tem de levar mais a sério os efeitos da impunidade.”

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Estar Feliz reduz o uso de Drogas


Dados de 15 mil alunos entre a 7ª série e o 1º colegial foram consultados. Trabalho foi mostrado em encontro da Associação de Sociologia dos EUA.
Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Davis, nos Estados Unidos, afirmam em estudo que adolescentes felizes apresentam menor envolvimento com crimes e drogas. O trabalho foi apresentado no encontro anual da Associação de Sociologia norte-americana pelos autores Bill McCarthy e Teresa Casey.
A pesquisa foi conduzida com dados do National Longitudinal Study of Adolescent Health - o maior estudo sobre adolescentes já feito nos EUA - sobre 15 mil estudantes norte-americanos, que estavam cursando da 7ª série ao 1º colegial nos colégios do país entre 1995 e o ano seguinte.
Cerca de 29% dos jovens entrevistados afirmaram ter cometido ao menos um crime e 18% confessaram já ter usado pelo menos um tipo de droga ilegal. Essas informações foram relacionadas pela dupla de pesquisadores com descrições dos jovens sobre como se sentiam.
Segundo os pesquisadores, as consequências da felidade são raramente analisadas pelos sociólogos e nenhum outro estudo havia investigado a relação entre os crimes cometidos e a alegria dos adolescentes.
As explicações mais comuns costumam se basear nos aspectos negativos como a raiva para compreender como os adolescentes decidem realizar atos criminosos. McCarthy e Casey defendem que as emoções "positivas" também possam ter influência na escolha.
Jovens que alegaram estar menos felizes em um período superior a um ano apresentaram chances maiores de se envolver com crimes e drogas. Quadros depressivos também colaboram para as estatísticas, segundo os pesquisadores norte-americanos.
Como muitos jovens podem conviver com picos de felicidade e tristeza, os estudiosos também levaram em conta quanto tempo os adolescentes passaram eufóricos ou depressivos. A dupla descobriu que a duração dos períodos de pouca ou muita felicidade também influencia a escolha pela criminalidade e pelo uso de entorpecentes.
Fonte - G1

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Os Órfãos do Crack


Cresce a cada dia o número de crianças deixadas à própria sorte por causa do vício de quem deveria cuidar deles.
Gabriel poderia ser mais um adolescente de 14 anos feliz, cujas responsabilidades são apenas frequentar a escola e jogar bola com os amigos. Mas seu corpo esguio - que aparenta, no máximo, o de um menino de 9 anos - e os olhos grandes, cheios de lágrimas, revelam as dores de quem lutou contra a violência dentro de casa desde cedo. Sua mãe é usuária de crack e há cinco anos abandonou o garoto e seus três irmãos - de 13, 10 e 8 anos - por conta do vício.
Não bastasse o abandono, Gabriel guarda na memória fatos que vão marcar para sempre sua vida. "Uma vez botaram fogo na minha casa e disseram que fizeram isso porque minha mãe mexia com coisa errada", conta o menino, que cursa, hoje, a 3ª série do ensino fundamental, com cinco anos de atraso
Gabriel e os irmãos nunca usaram drogas, mas são tão vítimas do crack quanto seus pais. Como eles, cresce a cada dia o número de crianças deixadas à própria sorte por causa do vício de quem deveria cuidar deles. Nos últimos meses, por exemplo, o número de denúncias de maus-tratos e negligência por parte de pais viciados em crack ao Conselho Tutelar de Vitória aumentou em 50%. Quando não são abandonadas, elas acabam fugindo de casa, por não aguentarem a rotina de violência.
Como gente grande
Gabriel, apesar do corpo franzino, já se viu diante de responsabilidades de gente grande. Um dia, deixado mais uma vez sozinho em casa com os irmãos, pulou a janela, numa noite fria, para tentar encontrar a mãe na rua e fazê-la voltar para casa. O menino conta como era:
Inúmeras foram as vezes em que o menino viu a mãe, o padastro e outros adultos fumando crack dentro de casa. Ou que os traficantes bateram à porta, fazendo ameaças de morte para receber o dinheiro das pedras. Mesmo assim, ele conseguiu dizer não quando amigos da mãe lhe ofereceram a droga. E transfere para os irmãos a esperança. "Hoje eu moro com os meus irmãos aqui no abrigo, e estamos felizes juntos. Sentia muita falta deles. Nem sinto mais saudade da minha mãe. Já vi que não vale mais a pena viver com ela."
A realidade dura também não acabou com os sonhos do menino - ele não sabe se quer abrir uma academia de dança ou trabalhar como caminhoneiro. Mas seus olhos brilham quando fala do futuro. Ele quer o básico: trabalhar, ganhar dinheiro e ter uma família. "Quero andar à vontade, dirigir. Posso até ser guarda de trânsito. Mas agora queria ser adotado com os meus irmãos para que a gente possa ter uma família de verdade", diz, abrindo um tímido sorriso.
De irmã a mãe
A história das irmãs Juliana, de 12 anos, e Clara, 9, também é marcada pelo vício da mãe no crack. As meninas moravam com uma vizinha, quando, há dois anos, um conselheiro tutelar esteve no local e levou as duas para um abrigo. Ambas não tinham nem certidão de nascimento. O documento só foi feito este ano, depois de a escola em que estudam denunciar o fato ao órgão.
Antes disso, a rotina da filha mais velha incluía cuidar da irmã e fazer bicos de garçonete em um bar. "Quando minha mãe não deixava a gente em casa sozinhas, mandava a gente pedir dinheiro para ela comprar droga. O que sobrava ela nos dava para comprar bala", conta Juliana.
Com as bochechas vermelhas e uma cara sapeca, Clara conta que muitas vezes sentia vergonha de ter que pedir dinheiro na rua. "Mas aí minha mãe falava que vergonha era matar e roubar." Elas chegaram a vender paçoca nos semáforos, debaixo do sol escaldante ou de chuva forte, e sem direito a sentar para descansar.
Hoje, a mãe vive nas ruas. Faz tempo que Juliana e Clara não a veem. A mais nova não consegue disfarçar a falta que ela faz, e lamenta, conformada:
Enquanto isso, Juliana, com seus 12 anos, tenta fazer o papel da mãe que elas não têm. Era ela que cozinhava quando a mãe saía de noite e não voltava.
Para conseguir dinheiro para comprar crack, a mãe chegou a obrigar Juliana a trabalhar em um bar, "de garçona", como ela conta. Além de fritar salgadinhos e servi-los, com apenas 10 anos, a menina enfrentou situações constrangedoras nas mãos dos clientes do bar. Não faltaram propostas de sexo.
O abuso sexual de crianças que têm pais viciados é comum, como explica Marcelo Nolasco, titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). Em abril, uma menina de apenas 4 anos foi abusada pelo companheiro da mãe, também usuário de crack. "O que mais choca é que a mãe da criança estava grávida novamente, de 7 meses", conta o delegado.
O preço do abandono
A exposição ao risco acaba cobrando seu preço. Foi trabalhando em bares que Juliana começou a experimentar o álcool e o cigarro. "Já bebi, já fumei e peguei maconha escondido da minha mãe uma vez. Queria saber como era. Achei legal, fiquei tonta... Mas nunca fiz isso na frente da minha irmã e não vou deixar ela fazer isso nunca", diz Juliana. Afinal, ela é a "mãe" de Clara.
A juíza Gladys Henriques Pinheiro, da 1ª Vara da Infância e Juventude da Serra, conta que muitos dos adolescentes que estão respondendo a processo na Justiça têm famílias envolvidas no tráfico de drogas ou são órfãos. "Essas crianças já são desestruturadas desde novas. Hoje, mais de 50% dos processos são por causa de tráfico", ressalta.
Muitos dos pais desses adolescentes infratores são dependentes químicos. E, de acordo com a juíza, são poucos os casos de pais que superaram isso e que querem reaver os filhos. "A gente fica feliz quando isso acontece, mas sabe que essa não é a realidade. Além disso, tem a questão dos maus-tratos, do abuso, da negligência, e do álcool."
Resgatando sonhos
O pior é que essas crianças sentem, além do abandono, culpa por não terem conseguido cuidar de quem deveria cuidar deles - os pais. Também abandonada pela mãe, Amanda, 11, sonha ser adotada por uma família da Itália, mas não planeja ter filhos. "Dá muito trabalho. Vou pensar só no meu futuro. Quero estudar e ser médica", diz.
A assistente social Leidiane Santana Rocha, que trabalha em um abrigo na Serra, ressalta que a maioria dos internos do local pensa da mesma forma:
A conselheira tutelar Janine Barbosa conta que depois que o Ministério Público baixou uma carta recomendatória para que os hospitais informem aos conselhos tutelares quando as mulheres grávidas viciadas em crack ou em outro tipo de droga forem dar à luz, o número de notificações aumentou. "Isso é bom, porque, se fizermos essa abordagem logo no início, as crianças podem sofrer menos."
Um desses casos aconteceu em setembro. Uma mulher de 32 anos, usuária de crack, deu à luz a uma criança e, depois, descobriu-se que ela já tinha um filho de 3, que era cuidado pela família. O recém-nascido foi levado para um abrigo da prefeitura depois que os familiares disseram que não tinham condições de cuidar dele também. Hoje, a mãe está presa, cumprindo pena por trabalhar para o tráfico. Quem sabe esse bebê não tenha um destino diferente?
*Os nomes dos entrevistados são fictícios para preservar suas identidades

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

1º Seminário Nacional de Políticas Públicas de Combate às Drogas


Data: 1º /09/2011, quinta-feira -Local:

Auditório Nereu Ramos - Câmara dos Deputados


SEMINÁRIO NACIONAL DA COMISSÃO ESPECIAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE COMBATE ÀS DROGAS
Data: 1º de setembro de 2011- 5ª feira
Local: Auditório Nereu Ramos - Câmara dos Deputados
Horário: 9 ás 17h20
MESA DE ABERTURA
09:00 – 10:30
Deputado Marco Maia, Presidente da Câmara dos Deputados;
*Sr. Alexandre Padilha, Ministro da Saúde;
*Srª Gleisi Hoffmann, Ministra da Casa Civil;
*Sr. José Eduardo Cardozo, Ministro de Estado da Justiça;
*Srª Tereza Campello, Ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome;
Deputado Reginaldo Lopes, Presidente da Comissão Especial de Políticas Públicas de Combate às Drogas;
Deputado Givaldo Carimbão, Relator da Comissão Especial de Políticas Públicas de Combate às Drogas.
MESA 1 – POLÍTICA NACIONAL SOBRE DROGAS
10:30 – 12:00
Dr. Vladimir Stempliuk, Diretor de Projetos Estratégicos e Assuntos Internacionais da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça;
Srª Rita Cavalcante Lima, Doutora em Serviço Social pela UFRJ; especialista em saúde mental pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/FIOCRUZ);
Sr. José Carlos Rosa Pires de Souza, Pós-doutorado - Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa-Portugal;
Dr. Marcos Estevão dos Santos Moura, Médico Psiquiatra, Psicoterapeuta e Hipniatra;
Dr. Deusimar Wanderley Guedes, Presidente da Comissão de Políticas Contra as Drogas da OAB/PB.
COORDENADOR: Deputado REGINALDO LOPES
MESA 2 – TRATAMENTO E REINSERÇÃO SOCIAL
13:00 – 14:20
Dr. Júlio Adiala - Doutor pela Fiocruz; 
Pe. Haroldo Rahm, Presidente da Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas; Representante do Ministério da Saúde.
COORDENADOR: GIVALDO CARIMBÃO
MESA 3 - ENFRENTAMENTO AO CRACK – ARTICULAÇÃO DE AÇÕES
14:30 – 15:50
Senadora Gleisi Hoffmann, Ministra Chefe da Casa Civil.
Dr. José Luiz Raton, Professor de sociologia do Departamento de sociologia da UFPE;
Sr. Bruno Porto, Engenheiro Aeroespacial, debate virtual na Comunidade Política sobre Drogas do Portal e-Democracia.
COORDENADORA: Deputada ROSANE FERREIRA
MESA 4 - REDUÇÃO DA OFERTA DE DROGAS E CONTROLE DE FRONTEIRAS
16:00 – 17:20
*Representante do Ministério da Justiça do Programa de Ações Integradas
Coronel Gustavo Luiz Sodré de Almeida, Representante do Ministério da Defesa – Política de Fronteiras;
Ten.-Cel Antonio Mario da Silva Ibanez Filho, representante do Conselho Nacional dos Comandantes Gerais das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares
Dr. Edmundo Dias de Oliveira Filho, Delegado-Geral da Polícia Civil do Estado de Goiás e Presidente do Conselho Nacional dos Chefes de Polícia Civil.
COORDENADOR: Deputado JOÃO CAMPOS
* Convidados á confirmar.

Consumo de álcool pode estar ligado a mais mortes do que mostram estatísticas


Por 10 anos, pesquisadores analisaram declarações de óbitos em 16 cidades da região
EPTV
Uma pesquisa da USP de Ribeirão Preto mostrou que o número de mortes violentas relacionadas ao álcool é muito maior do que apontam as estatísticas oficiais.
O que o estudo comprovou é o que muita gente suspeita: o álcool pode ser a causa de muitas mortes ocorridas no trânsito. Calcula-se que metade dos acidentes tenha uma relação com o o consumo de álcool. A pesquisadora da USP Rúbia Paixão Benedicto decidiu reavaliar os dados do Ministério da Saúde.
Por 10 anos, os pesquisadores analisaram mais de 74 mil declarações de óbitos em 16 cidades da região de Ribeirão Preto. Eles queriam saber que as mortes tinham alguma relação com o consumo de álcool.
Foi quando tiveram uma surpresa: os atestados que são enviados para o Ministério da Saúde Federal revelavam várias causas, mas nada sobre álcool. Não se trata de uma omissão pelos médicos legistas, mas de uma burocracia do sistema.
Quando alguém morre, a declaração de óbito é feita em três vias: a primeira vai para o banco de dados do Governo Federal; a segunda é entregue aos familiares e a terceira, de cor rosa, fica no IML. É nela que aparece o resultado do exame de sangue coletado do morto. Ali vai constar se a pessoa consumia álcool ou mesmo droga. Mas esse resultado demora 15 dias pra sair e a informação não chega ao Governo Federal. Das declarações de óbitos analisadas, em 1.8 mil havia uma relação com álcool.
Depois do estudo, o que os pesquisadores propõem é uma mudança no sistema de informação. Eles defendem que, além do primeiro atestado, apontando a causa básica da morte, também seja acrescentada a informação sobre consumo de álcool.
Por Ronaldo Laranjeiras

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Comissão Especial de políticas Públicas de Combate às Drogas (CEDROGAS)


A Câmara dos Deputados constituiu a Comissão Especial de Políticas Públicas de Combate às Drogas (CEDROGAS), presidida pelo Deputado Reginaldo Lopes (PT/MG) e relator Deputado Givaldo Carimbão (PSB/AL).

Esta comissão tem promovido debates e seminários em todos os estados e promoverá um Seminário Nacional sobre Drogas em 01 e 02 de setembro de 2011, na Câmara, devendo sair deste um relatório final e/ou ´proposições de legislação e ações.

As discussões seguem os eixos:
1) Política pública de prevenção,
2) política pública de tratamento e acolhimento;
3) política pública de reinserção social;
4) política pública de repressão ao tráfico;
5) legislação e lei anti-drogas.


Preocupante  a situação uma vez que o relator da Cedrogas, Deputado Givaldo, já apresentou posição fechada na qual considera que 'os CAPS surgiram quando o problema era mínimo e hoje, com o tamanho do problema não têm condições de responder/resolver'.
Concluiu dizendo que a saída é o "investimento nas filantrópicas,  nas comunidades terapêuticas" que "apresentam respostas muitos boas"!
 Contou com a participação do Laranjeiras num dos seminários do nordeste.
Tem conversado com a presidente e com o Ministro.
Esteve com o  Coordenador Nacional de Saúde Mental que, segundo ele "está muito equivocado" na posição de defender os CAPS e a reforma!
Propostas ligadas à internação compulsória tb serão levadas para este seminário.
Acho importante nos manifestarmos frente aos deputados federais colocando nossa posição e conquistando a defesa do SUS, da reforma, da atenção psicossocial e da luta antimanicomial.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Como conviver com o viciado em drogas

A auto-piedade, sentimentos de pena e de culpa atrapalham o tratamento de um dependente químico, comprometendo as chances de sucesso nas tentativas de livrá-lo do vício. Segundo o psicólogo Dionísio Banazsewski, que trabalha a questão há mais de vinte anos, é comum pais e companheiros de dependentes desenvolverem um comportamento nocivo por não fazerem uma “aliança profunda” de comprometimento com o tratamento e acompanhamento do dependente.
         
Muitas famílias, penalizadas com o dependente, tomam a atitude de interromper o tratamento, acreditando, já nos primeiros sintomas de recuperação, que o usuário está totalmente livre das drogas. “Mas a dependência química é uma doença grave e incurável, porque a recaída é sempre um risco eminente”, alerta o psicólogo.
         
“Quando uma família tem um dependente químico, precisa entender que ela toda está doente, ela toda precisa de acompanhamento”, afirma o psicólogo. Por isso, muitas vezes é preciso alertar os pais para adotarem uma postura mais firme com os filhos usuários de drogas. Ao natural, a patologia tem como um dos principais sintomas o comportamento manipulador do dependente. “Mas é preciso entender que, enquanto muitos se tornam manipuladores para sustentar o vício (furtando objetos dentro de casa e posando de inocentes para a família, por exemplo), outros muitos têm traços manipuladores no comportamento, não apenas por serem dependentes químicos”, explica o psicólogo. Ou seja, é preciso diferenciar se o dependente tem um distúrbio de personalidade, independente do uso de drogas. Há casos em que a droga vira “desculpa” para o usuário justificar seu comportamento.
         
O especialista lembra que é importante reconhecer a dependência química como doença, mas a sociedade não pode “jogar tudo numa vala comum” e olhar da mesma forma todos os dependentes e usuários de drogas. “As pessoas não podem simplesmente se penalizar com a situação do usuário ou dependente, mas fazer com que ele também assuma o compromisso e a responsabilidade pela sua cura".
         
Há muitos casos em que a família, desesperada com a situação do doente, deixa de buscar os recursos mais adequados para o tratamento. “Muitas famílias procuram tratamento em outros países, em clinicas caras em outros estados, mas esquecem que o principal fator de sucesso em um tratamento é desenvolver humildade suficiente para compreender a doença, enfrentando-a. Por isso, muitas vezes oriento até a busca por comunidades terapêuticas ou clínicas locais, que vão fazer com que a pessoa encare a realidade mais de perto”, compara o especialista.

Revista UNIAD

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terça-feira, 16 de agosto de 2011

Vício: Natureza ou Hábito?


Por que alguns sobrevivem ao uso abusivo de drogas e álcool, enquanto outros sucumbem ao vício? Cientistas começaram a encontrar a resposta.
Segundo a Pesquisa Nacional sobre o Uso de Drogas e Saúde de 2008, 46% dos americanos experimentaram uma droga ilícita. Mas só 8% a utilizaram no último mês. Em comparação, 51% usaram álcool no último mês.
A maioria dos que experimentam drogas não se vicia, portanto. Então, quem corre o risco?
Os clínicos sabem que os pacientes com certos tipos de doenças psiquiátricas -incluindo distúrbios de humor, ansiedade e personalidade- têm maior probabilidade de se tornarem viciados. Segundo o Instituto Nacional de Saúde Mental, em seu Estudo Epidemiológico de Área de Atendimento, os pacientes com problemas de saúde mental apresentam quase três vezes mais chances de ter um distúrbio aditivo do que os que não têm.
Contrariamente, 60% das pessoas com distúrbio de abuso de substâncias também sofrem outra forma de doença mental. Ainda não está claro se o vício predispõe alguém à doença mental ou vice-versa.
Cientistas sabem que ter uma doença mental também aumenta significativamente o risco de dependência e vício. O senso comum é que a ligação representa uma forma de "automedicação" -isto é, as pessoas estão "medicando" seu sofrimento.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Programa "ANTICRACK" pode fracassar


Todos sabem que as drogas são geradoras de muitas tragédias no Brasil.
Um exemplo é Maringá: dos 35 assassinados este ano na cidade, cerca de 90% tinham envolvimento com as drogas –especialmente o crack.
Pois bem. Então, vejam esta:
Um corte pela metade das verbas previstas para a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) ameaça o programa de combate ao crack do governo federal, uma das prioridades do governo Dilma Rousseff e tema da campanha eleitoral.
O alerta foi dado pela própria titular da pasta, Paulina Duarte, durante audiência pública no Congresso. Ela alertou que a diminuição da verba coloca em risco os programas de prevenção e tratamento.
A notícia provocou uma rápida resposta entre integrantes do Conselho Federal de Medicina (CFM). “Isso demonstra uma incoerência com compromissos assumidos durante a campanha. Como justificar um corte tão significativo para uma área dita prioritária?”, questionou o vice-presidente do CFM, Carlos Vital Lima. Leia mais.
*A Secretaria deveria receber R$ 400 milhões no ano. Caiu pela metade: R$ 200 milhões. Foi corajosa a Paulina. Pode até ser dispensada por falar a verdade –como aconteceu com o Nelson Jobim.
*Corta verba tão importante, que salvaria milhares de vida, principalmente de jovens, e gasta uma fortuna — por exemplo — com o Ministério da Pesca, que não serve pra absolutamente nada. Vai entender…

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Conselho Federal de Medicina - Cartilha sobre o Crack


Clique no Link abaixo e acesse todas as informações

Conselho Federal de Medicina apresenta diretrizes para tratamento de usuários de crack


Preocupado com o crescente número de dependentes, Conselho Federal de Medicina quer
disseminar entre médicos informações úteis para tratamento
 O Conselho Federal de Medicina (CFM) lançou nesta quarta-feira (10) protocolo de assistência a usuários e dependentes de crack. O documento, intitulado Diretrizes Gerais Médicas para Assistência Integral ao Usuário do Crack (acesse), foi formulado pela Comissão de Ações Sociais da entidade a partir de uma pauta de discussões realizadas em 2010 e 2011 em um fórum, um seminário e uma oficina – encontros dos quais participaram especialistas, pesquisadores e representantes de instituições interessadas no tema.
As Diretrizes definem conceitos relacionados à droga e a seu uso, assim como aspectos gerais e específicos do tratamento. A cerimônia de lançamento da publicação foi realizada na sede do CFM, em Brasília, e teve a presença de autoridades do governo, parlamentares, representantes de entidades médicas e de instituições de saúde.

O presidente do Conselho, Roberto d’Avila, destacou que, quando se trata do crack, 1/3 dos usuários morrem (85% deste por causas violentas), outros 1/3 permanecem com deficiências crônicas e perdas cognitivas, e somente 1/3 dos usuários se curam. “Penso que não há ninguém que não fique impressionado com a epidemia que se instalou no país. Todos precisam estar envolvidos nesta luta, e o CFM fará sua parte com projetos continuados e capacitação dos médicos”.
O 2º vice-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo da Fonte (PP-PE), apontou que a ação do CFM é importante no momento em que o uso da droga de tornou uma tragédia. “Se não nos unirmos e tomarmos um providência teremos um amanhã cada vez mais difícil”.
Divulgação - “Em síntese, as Diretrizes servem de guia para capacitar médicos, especialmente do Sistema Único de Saúde, para o atendimento de usuários de crack. O lançamento da publicação marca o início de seu envio para instituições a que estão vinculados profissionais que planejam e executam ações em saúde, como o Ministério e as secretarias estaduais e municipais de saúde e os sindicatos e conselhos de médicos”, afirmou Ricardo Paiva, membro da Comissão de Assuntos Sociais do Conselho.
De acordo com o 1º vice-presidente do CFM, Carlos Vital, o Conselho também incentivará a divulgação das Diretrizes em âmbito nacional e regional. “Apoiaremos a organização de fóruns e seminários sobre o tema pelos conselhos regionais de medicina”, disse. O documento também poderá ser encontrado na internet. (Clique aqui).
 Tratamento – As Diretrizes indicam, por exemplo, o encaminhamento que deve ser dado aos usuários de crack no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), com referência, entre outros recursos, à estrutura de urgências e emergências, de consultórios de rua e de albergues terapêuticos.
Com o auxílio das diretrizes, os médicos poderão avaliar e manejar casos de urgência que envolvam intoxicação, abstinência aguda ou overdose. Os profissionais também passam a dispor de orientações sobre as etapas dos processos de atendimento e as abordagens mais indicadas aos usuários.
Além das diretrizes médicas, o Conselho também apresentou diretrizes para a assistência ao usuário do crack voltadas para a sociedade. Estruturadas sobre três eixos (policial, saúde e social), as recomendações indicam ações que podem auxiliar na redução do consumo dessa droga. “O enfrentamento da droga só será possível se houver uma ação conjunta de vários órgãos do governo e a sociedade”, apontou o presidente do CFM, Roberto d’Avila.
A entidade também mantém o hotsite www.enfrenteocrack.org.br com informações de locais para internações, legislação e campanhas.
Números – Pesquisa do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), realizada em 2005, indica que 0,7% da população brasileira de 12 a 65 anos havia usado crack pelo menos uma vez na vida.
Entre os entrevistados na pesquisa, 0,1% disse ter usado crack no período de um ano anterior à entrevista e 0,1% afirmou ter consumido a droga no período de 30 dias anterior à entrevista. O maior percentual de pessoas que haviam consumido a droga pelo menos uma vez na vida encontrava-se no grupo de sexo masculino com idade entre 25 e 34 anos: 3,2%, o que à época correspondia a 193 mil pessoas.
A pesquisa revelou ainda que 44,9% da população consideravam “muito fácil” obter crack caso desejasse, o que equivalia a 22.305.000 pessoas. O Ministério da Saúde estima que atualmente existam 600 mil usuários de crack no país. No entanto, há divergências sobre este número. Alguns pesquisadores estimam essa população em torno de um milhão de pessoas.
Outra pesquisa do Cebrid, realizada em 2010 entre estudantes de escolas públicas e particulares das 26 capitais brasileiras e do Distrito Federal, indica que 0,4% dos estudantes haviam usado crack no período de um ano anterior às entrevistas
Fonte - UNIAD - Por Ronaldo Laranjeiras

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Cem vezes mais que o Crack


Para Elisaldo Carilini, coordenador do Centro Brasileiro de Informações Sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Unifesp, a escolha de São Paulo para brigar contra o consumo de álcool é acertada.
“Não há dúvidas de que as bebidas alcoólicas são o principal problema de saúde pública na dependência química juvenil”, afirma.
Para justificar a afirmação veemente, Carlini recorre aos mais recentes dados – ainda não publicados – da pesquisa nacional feita pelo Cebrid, que colheu informações de 108 mil estudantes de escolas públicas e privadas de todo País: enquanto 60,5% dos pesquisados afirmaram já ter usado álcool na vida, 0,6% disseram ter experimentado crack.
“É uma diferença comparativa de quase cem vezes entre crack e álcool. Para começar a reverter estes números absurdos é preciso que o comerciante e a pessoa que frequenta o bar participe deste processo”, diz o pesquisador.
“O comerciante não vendendo a pinga ou cerveja ao menor de idade e, caso o faça, tendo a noção e a sensação de que será punido. E o frequentador do bar, contribui denunciando o estabelecimento caso testemunhe a venda inadequada.”


O psiquiatra da Associação Brasileira de Estudo do Álcool e Outras Drogas (Abead), Sérgio de Paula Ramos, concorda que a punição mai severa aos comerciantes de São Paulo pode contribuir para reverter o curso da dependência instalada antes dos 18 anos.
“A neurociência já demonstrou que o cérebro demora 21 anos para amadurecer plenamente. A última parte a ficar pronta é a que controla a impulsividade”, diz Ramos.
“O beber precoce detona o percurso de amadurecimento cerebral. Se a pessoa tem o primeiro contato com o álcool aos 21 anos, o risco de tornar-se alcoolista é de 9%. Se o início é aos 13 de idade – a média de início ao acesso dos brasileiros ao álcool, conforme atestou uma pesquisa do Ibope feita no ano passado – a chance de virar um dependente é ampliada para 50%”, diz.