quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Cem vezes mais que o Crack


Para Elisaldo Carilini, coordenador do Centro Brasileiro de Informações Sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Unifesp, a escolha de São Paulo para brigar contra o consumo de álcool é acertada.
“Não há dúvidas de que as bebidas alcoólicas são o principal problema de saúde pública na dependência química juvenil”, afirma.
Para justificar a afirmação veemente, Carlini recorre aos mais recentes dados – ainda não publicados – da pesquisa nacional feita pelo Cebrid, que colheu informações de 108 mil estudantes de escolas públicas e privadas de todo País: enquanto 60,5% dos pesquisados afirmaram já ter usado álcool na vida, 0,6% disseram ter experimentado crack.
“É uma diferença comparativa de quase cem vezes entre crack e álcool. Para começar a reverter estes números absurdos é preciso que o comerciante e a pessoa que frequenta o bar participe deste processo”, diz o pesquisador.
“O comerciante não vendendo a pinga ou cerveja ao menor de idade e, caso o faça, tendo a noção e a sensação de que será punido. E o frequentador do bar, contribui denunciando o estabelecimento caso testemunhe a venda inadequada.”


O psiquiatra da Associação Brasileira de Estudo do Álcool e Outras Drogas (Abead), Sérgio de Paula Ramos, concorda que a punição mai severa aos comerciantes de São Paulo pode contribuir para reverter o curso da dependência instalada antes dos 18 anos.
“A neurociência já demonstrou que o cérebro demora 21 anos para amadurecer plenamente. A última parte a ficar pronta é a que controla a impulsividade”, diz Ramos.
“O beber precoce detona o percurso de amadurecimento cerebral. Se a pessoa tem o primeiro contato com o álcool aos 21 anos, o risco de tornar-se alcoolista é de 9%. Se o início é aos 13 de idade – a média de início ao acesso dos brasileiros ao álcool, conforme atestou uma pesquisa do Ibope feita no ano passado – a chance de virar um dependente é ampliada para 50%”, diz.

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